Já
peguei o jeitinho de fechar a janela, e assim, a vida me deu o respaldo para
que, enfim, aqui eu fizesse morada. No canto, que hoje chamo de meu, acredito
que deixei de rastro a minha presença, seja por meio do criado mudo no qual fiz
questão de imprimir minha identidade por meio de pinceladas de tinta lilás e
adesivos divertidos, pela colcha que imita a de retalhos estendida sobre a
cama, ou até mesmo pelo perfume doce e marcante que deixo pairando no ar.
Os
lugares que acolhem são bons. Saber se sentir acolhida, até mesmo pela
simplicidade, é melhor ainda. Ter planos, mesmo quando tudo parece ainda ser
pouco, faz nascer, de uma forma muito humana, a vontade de conquistar o muito.
Olho para as paredes brancas do meu canto e já visualizo o quanto um mural com
as fotos de pessoas que eu amo darão um fôlego de vida a mais para um lugar
ainda tão desfalecido. Chego a me distrair pensando na disposição dos pôsteres
e quadros que também fariam parte das paredes que, apesar de apáticas, são
acolhedoras.
E
é com esses planos simples que encho minha cabeça de molduras e cores que se
mostram otimistas em um cenário que tinha tudo para ser apenas de pessimismo.
Ando descobrindo que, embora tenha sua beleza, o choro não é tão bom quanto o sorriso.
Não é muito difícil colocar a cabeça no travesseiro e sentir paz ao invés de
desespero quando bem lá no fundinho do nosso ser ainda resta um “cadinho” de
esperança.
Fui
aconselhada a substituir as taquicardias e palpitações por suspiros e muita
inspiração. Por mais que dar conselhos seja mais fácil do que tomar atitudes e
tentar modificar um pouquinho aquilo que não tem trazido conforto, é bom tentar
se permitir acreditar nas moldura e cores que não me saem da cabeça. Nada é tão
difícil quanto recomeçar e arriscar, mas me parece também, que isso não é
impossível. Gosto da minha capacidade de fazer morada em lugares improváveis,
porque acabo chegando à conclusão de que até mesmo o improvável pode ser possível.

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